É impressionante o
poder da moda em reinventar conceitos. Veja, por exemplo, a tendência das caveiras: símbolo
comumente associado ao macabro, as caveiras deixaram de ser
exclusividade dos devotos do gótico e do punk para assumir o papel central em peças elegantes e sofisticadas de grifes renomadas. Hoje, não há mulher e
homem antenados à moda que não deseje
uma pulseira ou acessório de caveira ou qualquer outro crânio para si.
Tal e qual, a tendência das caveiras teve início
com uma coleção de lenços do estilista britânico Alexander McQueen. A Skull
Colection, como é chamada no idioma original, foi abraçada por
celebridades do porte de Lindsay Lohan, Johnny Depp, Nichole Ritchie e Cameron
Diaz, e desencadeou a réplica das caveiras em outros produtos com a assinatura de McQueen – bolsas,
sapatos e carteiras, para citar alguns.
A influência atingiu muitas
outras criações ao redor do globo. O brasileiro
Alexandre Herchcovitch também usou e abusou das caveirinhas em uma de suas
coleções, quando maquiou todos os modelos do seu desfile masculino para
parecerem cadavéricos.
As caveiras de Herchcovitch, incluídas em camisetas e
mochilas, assumiam com maior clareza as suas raízes sombrias. Segundo
Alexandre, a inspiração partiu muito do filme “O Sétimo Selo”, de Ingmar Bergman. “Nos inspiramos nas figuras do
longa e também na morte”, contou o estilistra na ocasião.
Para Herchcovitch,
a morte é uma figura alegórica, tal como no clássico de Bergman. Para Alexander McQueen, infelizmente, não o
foi: o estilista britânico cometeu suicídio em fevereiro de 2010, em sua
residência em Londres. A morte de McQueen,
aos 40 anos, veio dias após o falecimento de sua mãe, vítima de um câncer, e
com uma distância igualmente curta da Semana da Moda de Londres.
É possível que as caveiras fossem para McQueen uma maneira de extravasar os
seus conflitos internos. Todos sabemos que a moda é um dos principais veículos
para a comunicação de uma ideia: revelamos muito sobre a nossa personalidade pela maneira com que trabalhamos o nosso
visual!
Aderir a moda da caveirinha não significa se compactuar
com uma visão da morte. Significa reconhecer que a moda também pode – e deve – incidir uma luz sobre
temas sérios e profundos, ao contrário de uma generalização negativa de que
tudo relacionado às últimas tendências pode ser taxado de superficial. E essa é uma lição da qual todos podem se
beneficiar!
Veja, por exemplo, a maneira com que a moda artesanal se aproveitou das caveiras. A pulseira de
caveira já é uma das criações mais frequentes dos artesãos de jóias e bijuterias. Idem para os aneis
de caveirinha, que hoje já lembram mais o estilo de Alexander McQueen do que os fãs de rock mais entusiasmados.
A tendência desencadeada por McQueen e abraçada pelo mundo já ajuda muitos profissionais a
pagarem as suas contas de final de mês! As artes acima foram feitas por
designers e entusiastas de partes distintas do Brasil. E cada caveirinha em um
acessório contemporâneo, seja ela rastreável a Alexander McQueen ou não, é um tributo à memória do estilista.
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