sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Moda das caveiras (Skulls)

É impressionante o poder da moda em reinventar conceitos. Veja, por exemplo, a tendência das caveiras: símbolo comumente associado ao macabro, as caveiras deixaram de ser exclusividade dos devotos do gótico e do punk para assumir o papel central em peças elegantes e sofisticadas de grifes renomadas. Hoje, não há mulher e homem antenados à  moda que não deseje uma pulseira ou acessório de caveira ou qualquer outro crânio para si.
Tal e qual, a tendência das caveiras teve início com uma coleção de lenços do estilista britânico Alexander McQueen. A Skull Colection, como é chamada no idioma original, foi abraçada por celebridades do porte de Lindsay Lohan, Johnny Depp, Nichole Ritchie e Cameron Diaz, e desencadeou a réplica das caveiras em outros produtos com a assinatura de McQueen – bolsas, sapatos e carteiras, para citar alguns. 


A influência atingiu muitas outras criações ao redor do globo. O brasileiro Alexandre Herchcovitch também usou e abusou das caveirinhas em uma de suas coleções, quando maquiou todos os modelos do seu desfile masculino para parecerem cadavéricos.
As caveiras de Herchcovitch, incluídas em camisetas e mochilas, assumiam com maior clareza as suas raízes sombrias. Segundo Alexandre, a inspiração partiu muito do filme “O Sétimo Selo”, de Ingmar Bergman. “Nos inspiramos nas figuras do longa e também na morte”, contou o estilistra na ocasião.
 

Para Herchcovitch, a morte é uma figura alegórica, tal como no clássico de Bergman. Para Alexander McQueen, infelizmente, não o foi: o estilista britânico cometeu suicídio em fevereiro de 2010, em sua residência em Londres. A morte de McQueen, aos 40 anos, veio dias após o falecimento de sua mãe, vítima de um câncer, e com uma distância igualmente curta da Semana da Moda de Londres.
É possível que as caveiras fossem para McQueen uma maneira de extravasar os seus conflitos internos. Todos sabemos que a moda é um dos principais veículos para a comunicação de uma ideia: revelamos muito sobre a nossa personalidade pela maneira com que trabalhamos o nosso visual!
Aderir a moda da caveirinha não significa se compactuar com uma visão da morte. Significa reconhecer que a moda também pode – e deve – incidir uma luz sobre temas sérios e profundos, ao contrário de uma generalização negativa de que tudo relacionado às últimas tendências pode ser taxado de superficial. E essa é uma lição da qual todos podem se beneficiar! 
Veja, por exemplo, a maneira com que a moda artesanal se aproveitou das caveiras. A pulseira de caveira já é uma das criações mais frequentes dos artesãos de jóias e bijuterias. Idem para os aneis de caveirinha, que hoje já lembram mais o estilo de Alexander McQueen do que os fãs de rock mais entusiasmados.



A tendência desencadeada por McQueen e abraçada pelo mundo já ajuda muitos profissionais a pagarem as suas contas de final de mês! As artes acima foram feitas por designers e entusiastas de partes distintas do Brasil. E cada caveirinha em um acessório contemporâneo, seja ela rastreável a Alexander McQueen ou não, é um tributo à memória do estilista.



 
 

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